quinta-feira, 23 de abril de 2015

Balaiada: a guerrilha sertaneja

Por: Claudete Maria Miranda Dias 



 Para abordar a Balaiada é preciso compreender o contexto histórico no qual ela se insere: o processo de lutas pela emancipação política do país, que vem desde as conjurações do final do século XVIII e se estende até meados do XIX, quando se consolidou a monarquia constitucional. É uma delimitação que procura resgatar os diversos conflitos e mobilizações populares verificados no período, fugindo dos marcos da historiografia tradicional que “aprisiona os historiadores na constelação dos seus objetivos metodológicos e que determina a forma e o conteúdos das pesquisas” (De Decca, 1981: 14). 

O processo da Independência foi longo, penoso e violento, permeado de manifestações em várias províncias. O grito do Ipiranga constituiu-se em uma forma encontrada pelas elites para frear as idéias revolucionárias, manter a dinastia, os privilégios do antigo sistema colonial e garantir os interesses econômicos. O movimento de independência foi “um complexo processo no qual lançam suas raízes todos os desenvolvimentos decisivos ulteriores da sociedade brasileira” (Fernandes, 1976: 71).

Para Caio Prado Jr. a Independência teve a feição de um “arranjo político” articulado à revelia da sociedade brasileira. A grande propriedade não foi tocada; permaneceu a mesma estrutura de produção escravista e foi a oportunidade para a afirmação no poder local dos grupos proprietários de terra e de escravos e dos comerciantes, principalmente a partir da deposição de D. Pedro I em 1831. 
Esta decorreu da teimosia do Imperador que não cedia aos interesses das oligarquias brasileiras e insistia em governar com o apoio dos portugueses, inaugurando a Regência, uma das fases mais violentas do século XIX, e que “dá acabamento ao processo de Independência, definindo o campo e as formas políticas que ocupam e dão fisionomia ao estado em nosso país” (Sodré, 1979: 249). 

Um estado elitista e autoritário, instrumento dos grupos dirigentes da época que “assumiram os novos papéis políticos e jurídicos ou administrativos em todas as esferas da organização do poder” (Fernandes, 1976: 16). 
A sociedade brasileira da primeira metade do século XIX permanecia com as mesmas características dos tempos coloniais e no Piauí não era diferente: grande parte da população era escrava, e quando livre, vivia em péssimas condições de pobreza, sem acesso ao trabalho e à terra.
O passado histórico da sociedade piauiense é marcado por lutas e conflitos sangrentos, constantes desde os tempos de sua colonização, quando a população nativa foi morta, escravizada, aldeada e expulsa para dar lugar às grandes fazendas de gado. A guerra contra a população nativa foi longa e cruenta. O branco colonizador implantou uma estrutura baseada na pecuária extensiva, predadora e escravista - durante muito tempo a principal atividade econômica da província. É a partir dessa época que surgem os grupos sociais: de um lado, os donos das fazendas, grandes sesmeiros, formando as camadas dirigentes; de outro, os posseiros, os vaqueiros, lavradores e escravos, as camadas populares inseridas em uma sociedade em transição cuja “superestrutura política já não correspondendo ao estado das forças produtivas e à infra-estrutura econômica do país se rompe, para dar lugar a outras mais adequadas às novas condições econômicas ...” (Prado Jr., 1979: 47). 
Essa transição corresponde à crise do sistema colonial, às lutas pela independência e à formação de um Estado Nacional excludente do direito à cidadania e do acesso à terra para a imensa maioria da população pobre. É essa população pobre que explode em manifestações de descontentamento durante toda a Regência, como na Balaiada.

Fonte: http://r1.ufrrj.br/esa/V2/ojs/index.php/esa/article/viewFile/73/69 

segunda-feira, 20 de abril de 2015

ITAPECURU NA BALAIADA

Por:  Tiago de Oliveira Ferreira

A cidade de Itapecuru-Mirim no vale do rio possuiu a maior concentração de escravos do Brasil no período, no período imperial  propiciando as insurreições de escravos durante a Balaiada e culminando com o enforcamento do seu maior líder o “Negro Cosme” para servir de exemplo para os seus pares.           
Cemitério dos bem-te-vis no Povoado Mirinzal a cerca de vinte e três (23) quilômetros da sede do município de Itapecuru-Mirim, o povoado fica às margens da BR 222, o referido cemitério fica a apenas trezentos (300) metros da mesma. Este local recebeu este nome em virtude de durante a Guerra da Balaiada ter ocorrido um embate entre as tropas legalistas e as revolucionárias, sendo que alguns bem-te-vis mortos teriam sido enterrados neste local, batizando o mesmo.
Pedra fundamental da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores do Itapecuru-Mirim, que fora lançara por Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, durante sua estada em terras itapecuruenses. Sendo que o futuro Duque fez uma grande doação em dinheiro e do seu próprio bolso para a construção da mesma, mais que segundo alguns historiadores o real motivo de tal benevolência era colocar toda a população local contra o “Bando de Negro Cosme”. A imagem ao lado é da referida Igreja anos cinquenta (50) do século XX.            
Casa de Cultura de Itapecuru-Mirim, Professor João Silveira, que serviu de Cadeia Pública para o município de meados do século XIX até quase o final do XX, neste local Cosme Bento das Chagas o “Negro Cosme” foi preso, julgado, condenado a morte em 05 de abril de 1842 e enforcado em frente à mesma em setembro de 1842.


segunda-feira, 13 de abril de 2015

I Encontro de trabalho do Projeto Balaiada realizado em Chapadinha



Aconteceu no auditório da prefeitura de chapadinha o I encontro de trabalho de 2015,sábado, 11, evento este  que deu inicio por volta das 14:00hs  e finalizando às 18:00hs.O projeto Balaiada que tem como incentivador  o professor Jânio Rocha.

De acordo com as informações e que este encontro foi para avaliar o que  já esta sendo  feito em relação  aos projetos e também  traçar metas com os representantes de cada município que já aderiram o projeto Balaiada. Em conversas com alguns participantes diz que  o objetivo deste encontro é levar este projeto para os professores da rede de ensino Municipal e Estadual e que os mesmo possam desenvolver este projeto dentro das salas de aulas.

Após serem colocados este projeto em sala de aula  os alunos das redes de ensino fará varias apresentações em cada município no II seminário sobre a Balaiada que  será realizado no dia  07 a 12 de dezembro em um município a ser definido.

No evento de ontem (11) estiveram presentes representantes de diversos municípios Anapurus, Nina Rodrigues, Vargem Grande e a cidade anfitrião chapadinha, e além  dos representantes de Itapecuru-Mirim sende este representado pela Srª Jucey Santana ,a professora Assenção Pessoa,Célia Lages,Telmar Félix representando a comunicação de Itapecuru e o Williame.De acordo com as informações esse projeto visa levar a todos maranhenses o real significado da guerra da Balaiada no Maranhão, que acorreu em 1838 a 1841.

Da Redação

domingo, 5 de abril de 2015

Descoberta "trincheira" da Balaiada na zona rural de Vargem Grande

Mapa rústico do Rio Guará
(vale lembrar que abaixo é a nascente)
Em contato com moradores das imediações dos povoados de "Alegrete" e "Olho D'água seco", na zona rural de Vargem Grande-MA, tivemos a informação de que na localidade encontram-se ruínas de uma trincheira em que os antigos moradores atribuem ser referente a uma "dita guerra que houve por estas bandas do Maranhão". 
A trincheira guarda um riacho e próximo uma mediana nascente que abastece um dos principais rios da Bacia do Munim, a saber, o rio Guará, na zona rural de Vargem Grande. 
Vale lembrar que o referido rio compõe a Bacia do Rio Munim que, juntamente com o rio Preto, confluem para Nina Rodrigues (antiga Vila da Manga), onde houve o estopim da Guerra da Balaiada. 
A trincheira encontrada está voltada a proteger o riacho e a nascente, bem como está direcionada a um possível ataque ao rio Guará, devido seu posicionamento estratégico de defesa e de ataque em relação às forças nacionais. 
Relatos de moradores de Nina Rodrigues e de Chapadinha também apontam para a existência de outras trincheiras, especialmente próximo a fontes de água. 
Segundo informações de pessoas conhecedoras da formação militar, as estratégias de guerra incluem o conhecimento e o domínio das vias e fontes de água potável para os grupos e tropas. Isso, segundo ele, constitui-se algo fundamental para o sucesso de uma empreitada militar. 
Mais à frente, em outra postagem, trataremos de estratégias militares e suas possíveis aplicações na Guerra da Balaiada. 


Obs.: em breve publicaremos as fotos da trincheira propriamente dita.

CRIADA A LEI QUE INSTITUI A SEMANA DA BALAIADA NO ÂMBITO DO ESTADO DO MARANHÃO

 LEI Nº 12.227, DE 14 DE MARÇO DE 2024 ESTADO DO MARANHÃO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO MARANHÃO INSTALADA EM 16 DE FEVEREIRO DE 1835 DI...